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votação no X Prêmio Literário Escritor Marcelo de Oliveira Souza

 



Saudações!

Regras para a votação no X Prêmio Literário Escritor Marcelo de Oliveira Souza



I Somente quem participa do evento poderá ter o voto válido;

II A votação só poderá ser feita na resposta dessa mensagem enviada;

IV O prazo de votação é de exatamente 24 h a partir dessa mensagem, não aceitaremos após;

V Não é possivel alteração de voto;

VI A decisão do evento é irrecorrível;

VII Caso não tenha votação do autor estrangeiro, a adm do evento escolherá;

VIII Em caso de empate a ADM do Prêmio decidirá;

IX Opte sobre a votação se preferes dessa forma ou se preferes da forma antiga, com a ADM escolhendo.


* Essa forma de avaliação dos trabalhos é inovadora no Prêmio,queríamos fazer algo inovador nno X certame, vamos colaborar sem pedir votos aos concorrentes.


📌A decisão final é irrecorrível



📌Todos do Brasil  receberão seus livros sem mais custo algum, a partir da 2a quinzena de janeiro. De fora do pais vai demorar mais por causa da distância.


* Os textos estão em algarismos romanos, mas poderá colocar a numeração normal.



Sucesso a todos e todas.


Marcelo de Oliveira Souza,IwA

instagram e tiktok : @marceloescritor

Texto I


A CARROÇA DO AMOR

Quanta inspiração sentimos ao contemplar cenas de amor. Filmes, poemas, poesias, músicas que apresentam enredos de amor impulsionam expectador, leitor e ouvinte a amar. Amar em segredo, amar com alarde, amar originalmente, amar imitando, copiando, amar com segurança, amar em meio a dúvidas, amar. Cenas de amor sensibilizam-nos e conduzem-nos à reflexão sobre a possibilidade de haver liberdade em estarmos presos por vontade própria, ligados por escolha autônoma, unidos por preferência espontânea.
Na autêntica experiência do amor, creio, o difícil muitas vezes transmuta-se em fácil e o impossível torna-se viável, pois o que importa realmente é a fusão dos seres que se amam de verdade. O fenômeno é capaz de, simultaneamente, guardar a identidade e amalgamar as essências, bem assim fortalecer a individualidade, na troca mútua sem fronteiras. Assim, vejo o amor genuíno: o amante só é na amada, que, por sua vez, só é no amante. Na fusão dos amantes, o Amor é.
Em uma tarde ensolarada, sob calor escaldante e iluminada pelo lindo manto celeste de Brasília, próximo à bela Catedral no centro da cidade, apreciei umas das mais lindas cenas de amor. Participei, sem ser convidada, de doce momento de ternura entre dois idosos, que certamente juraram em alma acompanharem-se por longos e longos tempos, quiçá pela eternidade.
Apressada eu estava em cumprir a vida de afazeres, pois compromissos profissionais assim o exigiam. Súbito, rendi-me ao esquecimento de todo o meu encargo funcional para apreciar o quadro de amor à minha frente. A pintura viva apresentava-me um 
casal de idade avançada no desempenho sublime da partilha de suas vidas.

Uma carroça. Uma senhora dentro da carroça. Um senhor empurrando a carroça. Desacelerei, pedindo mentalmente que o trânsito respeitasse aquela nobre experiência de amor. Um homem e uma mulher em franco exercício de existência: ela sentadinha como uma rainha em sua exuberante carruagem; ele, fora da carroça, empurrava-a, como um sedento apaixonado e devoto do amor, conduzindo a sua senhora como quem transporta uma joia, um cristal, um tesouro.
Naquele sublime momento, em um elevo da alma, imaginei o amor dos dois nos tempos de juventude. Refleti que o autêntico acontecimento amoroso dispensa a melhor estrutura, a melhor condição, o melhor preparo físico, sanitário, ambiental, financeiro. Ele excede até aquilo que é considerado o melhor desde o ponto de vista do padrão convencionado, pois o melhor para os amantes é a medida do seu amor. Pensei no quão bom é sermos amados e amarmos. Incondicionalmente. Quantos são capazes de assim amar?
Para aprofundar a minha emoção, vi a carroça parar e o senhorzinho suspirar, certamente cansado, e receber o afago amoroso, certeiro, revigorante, em suas mãos. Doado, mais do que apenas entregue por ela, a rainha do seu coração. Arrebatador, o vivo quadro de amor foi acrescido de trocas de olhares, sorrisos, aplausos e emocionadas lágrimas. E assim composto inspirava, desde o silêncio da vida dos dois seres amantes ao intenso e movimentado cenário de uma tarde de Brasília. Não houve palavras faladas entre os dois, senão palavras sentidas.
Descanso realizado, amor manifesto no afago oferecido, eles seguiram sua viagem. Ele empurrando a carroça e ela apreciando a cidade. Ela protegida pelo amor de um nobre cavalheiro a render suas homenagens à sua companheira de jornada.
O amor não tem idade para ser vivido. Ele não carece de condições alheias para existir. Ele dispensa aplausos externos para produzir efeitos.
Bem-aventurados os que amam e são amados. Cenas de amor enobrecem quem as cria, quem as vive e quem as contempla.

Nunca esqueci. A carroça do amor está sempre viva em minha memória de aprendiz do amor.

  


Texto II


O amor versus a tempestade

Então durma minha criança...
Ó minha princesa pequena
Flor bela em sua infância
Cantarei uma canção serena
Faça dos meus braços teu ninho
Feche teus olhos azuis pequeninos.

Estamos vivendo tempos escuros
Sem compaixão, fé, respeito...duros
Os sinais cruéis são fortes no fronte
Há nuvens negras no horizonte.

Então não acordes, não te ocupes,
Não tenhas medo, nem te preocupes
Posso esta terrível tempestade enfrentar
- Posso até me sacrificar -

Deixe que ela venha com toda sua fúria
E caia com toda sua força espúria
Caia com toda sua violência...
Caia com toda sua truculência...

Caia sem benignidade...
Caia sem piedade...

Me faça ajoelhar...
Me faça chorar...

Eu vou lutar...
Eu vou aguentar...

Não vou fugir...
Eu vou resistir...

Posso até tombar...
Mas vou levantar...

Caia...
E caia...

Sem dó...

Sem fim...

Mas que caia só...

E tão somente...sobre mim.

 


Texto III


NO TEMPO DAS SERESTAS

Queria ter vivido nos tempos das serestas
De madrugada tudo fluía nos violões em festas
Ponteando sambas canções e valsas dolentes
Perfumes das flores, acordes ao luar, a divagar
Sonhar, apaixonar, abrir o peito a cantar
A canção de um coração enamorado a palpitar.

Nas varandas, nos alpendres, nas sacadas
Nas janelas, as lindas donzelas a suspirar
Com vestidos rendados, floridos, encantados
Cabelos ondulados, cacheados, trançados
Fitas vermelhas, rostos sombreados, rosados
Esperando uma rosa para a alma acalantar.

Os dias da semana demoravam mais passar
No trabalho, em casa, versos a memorizar
Para chegar na sexta, no sábado, namorar
Reunir os companheiros nos bares e a pedalar
Domingo, com devoção na capela ir rezar
No braço do pinho, canções para ela saldar.

E assim meu coração, todo cheio de emoção
Não teria solidão e mesmo na desilusão
Buscaria inspiração, comporia uma canção
Para minha deusa, a santa do meu altar
Tudo faria para seu carinho ser merecedor
E na capela, uma aliança em seu dedo colocar.


Texto IV


FARTURA DA SECA

Sou a fartura da seca!
Transitei pelas sarjetas,
E por rios cristalinos…
Nasci no solo do Agreste,
Que o sol ardente veste;
Sou do Sertão Nordestino!

À revelia da sorte,
Na iminência da morte,
Atravessei noite escura…
Desenvolvi a visão
Pra enxergar na amplidão
Beleza, em vez de amargura!…

Meu sol brilha todo dia
Irradiando magia
Nas flores do meu jardim…
Traz um calor prazenteiro,
Que me energiza os canteiros
De esperança sem fim!

Pela Luz e pela vida,
Pelas batalhas vencidas,
Eu agradeço ao Senhor…
Pela sorte recorrente,
A alma resiliente
E o coração sonhador!

Sou da fartura da seca,
Uma pequena colheita,
Fruto do Sertão sofrido!…
Sou feito de escassez;
Sou versos que a seca fez;
Sou poema destemido!


Texto V


Brasiliana 3


Oh pátria amada sentida
Devir, vir a ser, concretização da noite impávida, requerida
Colosso do maior coração, do Evangelho, sois fé, amor, vida

Oh mundo feliz, superior
Palco da regeneração, da superação da anfractuosidade
Do verso do hino, és agora maior expressão, realidade e felicidade

Brasiliana, a tristeza de outrora, sim, é só lembrança
Como o Mestre enunciou, a luta trouxe bênção e a boa aventurança
De promessas realizadas em progresso infinito, em caridade, em esperança

Brasiliana, somos teus em felicidade
Que corre do Ipiranga para o Universo, do campo para a cidade
Onde não falta o pão, o amor é plena tenacidade, do Infinito para este instante

Brasiliana, o Cruzeiro do Sul entre outras terras mil
Traz a ilustração magnânima do sonho límpido, perpétuo e anil
Sede do anseio que superou a sede, e pela própria natureza, bradou Brasil

Brasiliana, vinda do Brasil, és filha do Pai e Mãe do mundo
Ser e devir maior da imortalidade da alma, do esclarecimento profundo
Casa do indivíduo único do interior do povo unido, substância do amor fecundo

Brasiliana, sonho heroico, realidade retumbante
Penhor estoico, desafia a morte, salve, amor triunfante
De Ribeirão Preto orientando a luz e o pensamento, sempre cativante

Brasiliana, agora és, agora vais
És feliz, és luz, suas sabedorias são tenazes e sutis
Brasiliana, agora és Reino do Mestre, e em nossos corações, faz explodir novos Brasis

O caminho do Mestre não tem fim, edificada a Brasiliana 3
Novos mundos, novas almas, novos irmãos, novas jornadas
No perpétuo edificar, novos triunfos do bem, novos Brasis.

 

Texto VI


MUNDOS LUSÓFONOS

Meu olhar navega em reminiscências
É enseada de refúgios e subterfúgios
Sinais de Fogo, A Criação do Mundo
Peregrinação, Ensaio sobre a Cegueira

Meus olhares aportam em romantismo
Via Láctea, Timidez, Canção do Exílio
Vão singrando o alto-mar do sentimento
Navio negreiro, Meu Destino, O Tempo

Meu olhar a nadar em sediciosas águas
Poema Sujo, Retrato, Os Condenados
Não há vagas, Eu-mulher, Invernáculo
Tristeza, Vou-me embora para Pasárgada

Mundos lusófonos nas pontilhadas retinas
Tecendo a manhã, Escreve-me, Tabacaria
Violões que choram, Morte e Vida Severina
Não se mate, Saudades, Matéria de Poesia

 

Texto VII


SUJEITOS INVISÍVEIS



Incontinência digital em deletar
os perfis dissonantes
Falas enunciadas por códigos
e patrocinadores dominantes
Vozes e imagens sob a disciplina
das “cabeças pensantes”

O não-dito interditando diálogos,
a verdade que não se vê
Sujeitos invisíveis, panoptismo por detrás
de telas e TVS
Dramatização do real e dogmas eloquentes
a nos converter

O tempo é cão que morde e não assopra
na rotina domesticada
Rações de Hollywood consumindo sobras
de massa encefálica

Sexo, sangue, as novas drogas
distribuídas para entreter
Horas impiedosamente esquartejadas
por sons e imagens
Na confortável dobra do edredom,
permite-se absorver
Os pixels da mediocridade humana
e seus personagens

E a criança ucraniana reinventa a infância
com um ursinho no braço
Na propaganda de margarina, o hiperbólico sorriso
oculta o cansaço
Sim, as telas defenestram tudo o que se move,

transborda e inquieta
Engolindo utopias, lirismos e afetos
no sono que conforta e aquieta



Texto VIII


 MULTIDÃO E MUNDO

O corpo é cartografia de sentires
Lábios navegam rios e cachoeiras
Pele-habitat de bichos e vertigens
Há vales profundos e cordilheiras

O corpo é lugar de identidades
Demarca a dignidade indígena
A cultura e tradição primígena
Opondo-se a falsas civilidades

Habita as alteridades e ausências
Desnudas entrelinhas dos poemas

É o cais das almas apaixonadas
Aportando as noites enluaradas

É a política e a poética de diáspora
É a “escrevivência” descolonizada
Negrxs a reexistir no lugar de fala

O corpo é multidão e mundo
Que sobre extenuados ombros
E incomensuráveis escombros
Resiste ao horror nauseabundo

 

Texto IX


AMOR DESMEDIDO


Eu sinto um amor desmedido
Pela sua poética indescritível
A desnudar a pura sexualidade
Livre de máscaras e inverdade

Sim, a minha afeição é desmedida
Tenho uma sibilina identidade, elã
Pelo alento no transpirar da manhã
Do sorriso que transforma meu dia

Enterneço-me, de forma desmedida
Pelo pôr-do-sol a emoldurar a janela
Pela paternidade, arte da descoberta
Guiar os filhos nas travessias da vida

Reinvento-me, no amor desmedido
Insurgente com a preguiça do punho
Cavoucando meu peito com carinho
Para deslindar os segredos do mundo

 


Texto X / XI


QUEM CONTA?

 

 

Tudo na vida tem um enredo,

Embora às vezes, seja confuso.

E o que agora vou contar, nem sei como começar,

Tudo é bem complexo

Mas dentre muitas vidas,

sobre a minha vou falar.

 

Não sei onde estava,

E nem porque fui parar lá.

***

Era dia e estava eu sorrindo

Com tantas histórias para contar

Vou falando e para alguém vou perguntando

E sem que perceba, uma resposta vou tirar.

 

Mas a quem eu perguntava?

A resposta eu consegui

mas junto com a resposta

veio uma recomendação:

“siga a sua vida, sem para trás olhar

e só me traga os pés aqui

quando um dia eu lhe chamar.”

 

Mas, Quem era você?

 

A voz segue tranquila a dizer:

“Já não sou como antes

Mas quero lhe proteger

Ainda não sei de quem

Mas injusta não posso ser.

 

Vá e siga sua vida

um dia a gente se vê.”

A colocação veio leve,

Decidi por deixar acontecer.

E ouvindo o conselho

De quem não consegui identificar

Eu segui e assim o fiz,

Sem nada questionar,

Simplesmente obedeci,

 

Eu que já bem gostava

segui, bebi, dancei, curti.

Até que no melhor momento,

a surpresa me surgiu

De quase nada lembro

Dor também eu não senti.

Tudo estava confuso,

Confesso nada entendi.


E só muito tempo depois veio a percepção

De que em algum momento da trajetória

Um ponto final foi posto na ação

De onde veio não se sabe

também não vi em que situação.

 

Mas um dia pela rua

Sem perceber, a pé a andar

Entendi que ali nada fazia sentido

E que eu só estava a vagar.

Percebi isso ao ouvir alguém falar,

“De quem será essa sandália ali?

Não se sabe a quem pertence

E nem há quanto tempo está lá.”


Olhei então para os meus pés,

Como assim? estava descalço a andar. Aqueles calçados eram meus,

Agora a pouco os usava,

Ou será que não foi há pouco,

E por que estavam lá?

 

Seria fato ou ilusão

Que as pessoas não me viam ao olhar?

Eu havia me tornado o quê?

Um zumbi a andar?

 

E em que momento tudo acabou?

Isso já não sei falar.

“O que está acontecendo,

Alguém pode explicar?”

Embora sem ter rumo certo

Continuo a caminhar

E quem sabe um dia desses

Tudo venha a clarear

E com nitidez entenda

O que vim a sonhar.

 

Ou não foi um sonho?

Fico a questionar.

Confesso que tudo é muito turvo,

Que recado vieram dar?


Sonho ou premonição Aviso ou ilusão

Não entendi foi nada

Valei-me, que confusão!

 

Mas enquanto isso, estou aí

E mesmo sem entender,

No peito, trago um coração valente

No corpo , só vontade de crescer

E em meio a tantas vontades,

Um desejo inexplicável de viver.

 

Algum dia eu conto,

Ou alguém vem e conta

Se o sonho foi real

Ou se a vida foi um sonho

Com um estranho final.

 

Eu ou você,

Eu conto ou tu contas?

Sonho ou realidade,

É o início ou o final?

Quem vai esclarecer fatos?

Quem vai mandar a real?


 



 


 

Texto XII

DESNUVIADO

Desconheço alguém que tenha sofrido
Os conhecidos são vencedores incessantemente
Quem sou eu? Muitas vezes frívolo, muitas vezes torpe, muitas vezes pútrido
Eu, muitas vezes, distintamente imperfeito
Constantemente putrefeito!

Eu, que muitas vezes esqueço dos sentimentos agudos
Eu, que muitas vezes sou excêntrico no que digo
Que não tenho rótulo, marcas, etiquetas

Que tenho recebido ofensas, injustiças calado
Que tenho sido pitoresco e desalmado
Que quando sou eu mesmo, tenho sido apedrejado

Eu, que fui sempre traído por muitos amores
Eu, que tenho agonizado nas ingratidões
Eu, que durante as porradas da vida tenho ensanguentado
Eu, que tenho ansiedades  absurdas, tremores
Eu,  que tenho sofrido neste mundo perfeito, pareço um parasita

Todos conhecidos são vencedores incessantemente
Nunca chorou ou sofreu uma covardia
Nunca esteve à margem, sempre fora da aristocracia, da realeza... todos eles!

Eu, que desejo sentir a transparência humana
Eu, que sou excluído pelos meus fartos pecados
Todos os conhecidos são puros, desanuviados
Não há ninguém que me confidenciasse que foi reles, ordinário
Ó rainhas, Ó Reis, Ó conhecidos

Eu, que tenho sido frívolo, irresponsavelmente torpe
Eu, que estou farto dos perfeitos desconhecidos
Onde há seres imperfeitos? Onde encontro meu lugar neste mundo ?

Eu, que sou vil, arrogante, imperfeito...
Eu só "quero subir ao céu e virar nuvem. Depois quero viajar até minha casa e, ao ver minha terra, quero me transformar em chuva, e cair do céu, aterrissando no solo para permanecer para sempre no lugar ao qual pertenço”.


Texto XIII



O estranho mundo novo.


A menina viu a escada móvel
e nela foi subindo, subindo, subindo, até que ultrapassou as nuvens espessas
e repentinamente desapareceu.
Logo os pais sentindo a falta da filha, desesperados eles ficaram.
Viram a escada e à dúvida tirar.
Decidiram, também, por ela subir.
E foram subindo, subindo, subindo, até que ultrapassaram as nuvens e,
zaz, os pais da menina, também, sumiram.

Conta a lenda, que ao chegar ao topo da escada, ninguém consegue voltar. E naquela altura presa fica.
Dizem os anciães, antigos contadores de histórias, que do outro lado das nuvens fica um mundo novo, onde tudo tem vida, que entre si se comunica, entende e se diverte.
As árvores falam, as plantas também, os bichos, as pedras, mais além.
Até a casa que abriga, mexe e fala.
Tudo é de um mundo mágico, intocado, com enormes jardins, extremamente lindos.

Os pais maravilhados com tudo isso, enfim, encontraram a filha. Esta que cheia da alegria estava.
Já viviam outras pessoas naquele estranho lugar. Todas, obviamente, chegaram pela escada e não mais saíram daquele distinto mundo.
Não havia violência, nem fome,
tampouco dissabor.
Naquela pureza do universo
Deslumbrava a magia
e só o bem havia,
tudo era gerado em torno da paz e do amor.

Texto XIV


MEU PRIMEIRO AMOR

Nossa infância foi embora

Partiu, eu sei que não volta

Quem tem lembrança é que chora

Sinto da vida revolta

Lembro do primeiro beijo

Sentindo muito desejo

Teu perfume, minha flor

Só de saudades padeço

O tempo passa, não esqueço

De você, meu grande amor

Fostes meu ídolo, fui tua dama

Teu corpo foi meu cobertor

Ainda deito na cama

Na qual você me beijou

Hoje se encontra vazia

Grande demais e mui fria

Relembro o teu vigor

Eu sozinha não me aqueço

O tempo passa, não esqueço

De você meu grande amor

Fostes meu melhor sabor

Tu és a minha loucura

És meu amor e candura

Mas, também, a minha dor

Te amar é a minha verdade

De ti sinto muita saudade

Por ti eu tenho ardor

Igual a ti, não conheço

O tempo passa, não esqueço

De você meu grande amor

 


Texto XV


ESCREVER CADERNOS TAMBÉM

Outro dia alguém disse não entender
O porquê de somente se escrever
Os livros e não também os cadernos
Em "veras" verões outonos invernos
Com caligrafia correta e dizer,
Apenas escritos para se viver
Tendo conhecimentos eternos
Para trilhar caminhos ternos.

Minha imaginação voou longe de mim:
Numa viagem prolongada, sem fim...
Seria uma esplêndida primavera
Por toda a extensão da esfera
Transformando tudo em jardim...
Ficará a maior beleza assim...
Nesse sonho, nessa quimera,
Quem se aventurar será fera!

Tais grandes obras de arte
Encantariam por toda parte...
Levantemos, pois, este estandarte
Na Terra e até mesmo em Marte...
Venham todos vocês também
E passemos a escrever bem;

Façamos com muito empenho!
Cada letra é um lindo desenho!
Eu sei que este dom não tenho
Por isso que eu também venho
Fazer todo o esforço que convém
Para poder conseguir a nota cem!

 

TExto XVI


Asimão em poesia

Sempre tive minha aparência
Pelos outros questionada,
Mas penso que minha vida
Não é fruto de nenhuma burrada,
Pois diversidade é divino
E se sou diferente dos primos
Vá se danar qualquer besteira falada.

Minha infância, minhas lembranças
Estão aqui na vizinhança
E se busco rememorar
Só me basta da memória uma dança
Para me ver no terreiro correr,
E logo no amanhecer
Renovar as esperanças.

Com o passar do tempo
Tive a desenvoltura
Passei a frequentar a escola
E me redescobri através da leitura
Na reflexão surgiu uma atenção
Para que eu permanecesse
A caminhar na magia da cultura.

Sempre adorei observar a vegetação
Amava ver as plantinhas
Enraizadas pelo chão
E se o escaldante sol chegava
Logo se avistava as bichinhas esturricadas
E o vento forçando
A sua decomposição.

Procuro historicizar as origens desse chão
Ando, pesquiso sobre o sertão
Mas penso cá comigo
Se quero repassar pros amigos
Vou poetizar até o "já esquecimento" e
Plantando no presente
Regar com o esperançar


Texto XVII


 

AMOR MADURO

Quando o amor da sua vida
De repente, aparece
E num piscar olhos,
Você o reconhece.
Os olhos brilham,
O corpo estremece,
O coração dispara,
O sorriso enlarguece...

E quando, devagar, acontece.
Na conquista diária, ele cresce.
Nas diferenças, amadurece.
Nas lutas se fortalece...

E nesta longa caminhada,
Neste constante sobe e desce,
Ele te acompanha nesta estrada
E o carinho permanece...

A gente, feliz, agradece!
O amor verdadeiro não envelhece!
Ele floresce!


Texto XVIII


RECORDAÇÕES

Recordar é viver,
É manter viva a memória.
Às vezes, recordar é sofrer,
Mas a vida não é feita só de glórias.

Recordar os bons momentos nos dá prazer,
Mas os maus também fazem parte da nossa história.
Mesmo que tentemos esquecer, com eles devemos aprender
Que é preciso reagir para alcançarmos a vitória.

O importante é reconhecer
Que cada momento tem o seu valor,
Feito pra que a gente possa aprender,
Seja na alegria ou na dor.

Recordar a infância
Nos faz sentir saudades
Das brincadeiras com os amigos,
Do coração puro e sem maldade.

Recordar a adolescência
Até nos emociona,
Pois é a fase da irreverência,
De quem sabe tudo e tudo questiona.

A juventude é a fase da azaração,
Muito agito, amor e badalação.
Depois vem a maturidade
Fase de muita realização.

O tempo passa e chegamos ao auge da maturidade.
Aparecem as rugas, cada vez mais visíveis.
Sinal de que estamos na melhor idade,
Pois vivemos bastante, muitos momentos incríveis.

Recordar é bom, mas devemos estar cientes,
De que não podemos viver presos ao passado
E que é preciso viver o presente, da melhor forma possível,
Para que ele seja, com saudades, lembrado,
Pois o passado é inesquecível!



Texto XIX


.

O poder das palavras


Palavras que gritam,
Palavras que calam,
Palavras que ficam,
Palavras que abalam.

Palavras que elogiam,
Palavras que ofendem,
Palavras que conciliam,
Palavras que desentendem.
.
Palavras de amor,
Palavras de perdão,
Palavras que confortam na dor,
Palavras que exprimem paixão.

Palavras omitidas,
Palavras ousadas,
Palavras esquecidas,
Palavras perdoadas.

Palavras que divertem,
Palavras gentis,
Palavras que se metem,
Palavras hostis.

Palavras que falam sem dizer,
Palavras que dizem sem falar,
Palavras ditas para nos envolver,
Palavras expressas num abraço ou num olhar.

Palavras que os ventos levaram,
O tempo de volta nos traz.
Palavras que nossas vidas marcaram,
Não esqueceremos jamais!



Texto XX



FACES

Brinco de ser ainda
Aquela menina faceira
Que pela terna idade
Abraça sua inocência.
Adoto a adolescente,
Inquieta,
Corajosa,
entusiasmada
que se espanta
ao descobrir as veredas
Entardecidas do amor.
Enquanto que a mulher
Se esgueira pela porta da entrada,
deslumbrante,
linda,
adorável,
confiante
sabe que amar
se funde com sua realidade.


Texto XXI


 

Alma reluzente

A flor amadureceu no campo da cronologia,
Preservando a singela beleza,
Disfarçando da alma as tristezas
E exalando poesia.

As pétalas castigadas pelo sol
Exercitam a resiliência,
Bebendo o “suor” noturno,
Transformando-o em resistência.

Os tortuosos caminhos
Desbotaram a face por alguns momentos,
Obrigando-a renascer de um espinho
Após manadas pisotearem os sentimentos.

O jardim que enfeitara
Foste abatido por pragas,
Restando as pétalas amarelas
Que compõem tua alma.

Texto XXII


EDUCAÇÃO

É bom lembrar que a educação muda o mundo,
Tendo na política um certo cunho,
Ela é vista como ato de conhecimento...
E transformação social,
Esse é um direito fundamental,
Que nunca pode ser esquecido,
Seja qual for o partido,
Que esteja lá no palácio central.

Para garantirmos sua importância,
Teremos que ter sempre em mente,
Que a meta maior da educação,
Será fazer com que os estudantes,
Em cumprimento de sua missão,
Desenvolvam um pensamento crítico,
Voltado para a realidade e para a transformação.

O problema da educação do Brasil,
Não é falta de leis que garantam os direitos,
Dos alunos e dos professores,
Falta sim, o cumprimento dos artigos,
Por governantes sem hombridade,
Que não fazem a menor questão de proporcionar,
Educação básica de qualidade.

A educação é um direito de todos,
E dever do Estado e da família,
Assim prepara o indivíduo,
Para o exercício da cidadania,
A favor da vida, saber e harmonia,
Ela é capaz de impactar sem igual,
Na diminuição da desigualdade social.

Texto XXIII


Porvir

Contra o medo, o sonho.
O sucesso em prol da amizade,
O tempo, em favor da vida!

 


Texto XXIV


NOS CAMINHOS POR ONDE ANDEI


Conheci a minha sorte
A sorte, eu sei que existe
Comprovei que o amor resiste
E minha fé em Deus é forte
E não viver de amor é triste
É definhar até a morte
Sempre que fugi da morte
Bons amigos encontrei
Sei que ouvi muitas histórias
Nos caminhos por onde andei

Descobri que o amor é forte
O amor, eu sei que existe
E quem tem fé sempre resiste
Ao sofrer que vem da morte
Pois fugir do amor é triste
É viver e não ter sorte
Num desafio com a sorte
Muitas histórias eu contei
Sei que ouvi os bons amigos
Nos caminhos por onde andei

Desafiei a própria morte
A morte, eu sei que existe
E só é forte quem resiste
Aos desatinos da má sorte

E não ter fé no amor é triste
É definhar e não ser forte
Fui sutil, arguto e forte
E muitas vezes discordei
Das histórias dos amigos
Nos caminhos por onde andei


Texto XXV


No tempo das cigarras

Naquela distante primavera
Eu acompanhava as cigarras
Sem pensamento nem amarras
Tudo era sentimento e quimera
Tudo era canto e doce toada
Tudo era alegre sinfonia e balada

E entre flores de cores mil
E árvores de braços erguidos
Entardecíamos na luz do sol
Aguardando a branca luz do luar
O marulho das ondas a sussurrar
Disponíveis para baixinho cantar
O poema do utópico sonhador
O canto do medievo trovador
A eternidade do verbo amar

Hoje dói-me este tomento
Da ciência e do pensamento
E desejo voltar ao sentimento
Ao tempo das cigarras a trovar
Livre da dor do conhecimento
Para anoitecer em paz e a sonhar


Texto XXVI


Além do Infinito

 

 Contigo com ou sem motivo até brigar é divertido.

Coração e alma à queima-roupa eu aceito o desafio.

O prejuízo sempre fica por conta da paixão.

5 minutos de olhares revirados

por 24 horas de reconciliação.

Devo confessar que no fundo não dá pra ficar sem o teu sorriso meloso o qual eu adoro namorar.

Seja como for agente sempre vai se encontrar.

Passe o que tiver que passar nada vai nos separar.

O amor se torna indestrutível depois que aprende a esperar.

Quando tudo aqui deixe de existir…

Quando essa vida se despida e o mundo pare de girar…

Chegaremos juntos mais além do infinito,

entre o céu e o paraíso ou aonde o vento nos levar.


Texto XXVII



Silêncio

 

Perdón por tantas preguntas,

 es que el cansancio me venció.

 ¿Cuánto tiempo más tengo que esperar?

No sé si me quedo o me voy.

 Fecha os olhos para ouvir.

O silêncio quer falar.

 O barulho não te deixa ver.

 Eu sigo no mesmo lugar.

 Onde você está,

aí também estou,

 e por uma única razão,

 seria impossível para mim abraçar a vida,

 somente com a metade do coração.

 

 Lo que dices es verdad.

 A veces me cuesta despertar.

 Pensaba que solo en mis sueños te podía encontrar.

 Ahora todo tiene sentido.

 El hielo cubre las ventanas,

pero en mi cama no hace frio.

Solo tu que conoces bien el invierno podrías saber lo que yo necesito.

 

 É fácil calcular a resposta.

 Basta subtrair a distância de dois pontos.

A soma dos dois será sempre um.

Essa fórmula foi criada no céu,

não apta para um mundo común.

 

Texto  XXVIII



   

  " Bar do Caixote "

Caixa para todo lado,forrada com papelão
O povo se aglomera com muita satisfação
Lá vem Sr Jorge com o cardápio na mão
Oferece para a galera suas várias opção

Grande homem guerreiro na tv até passou
Pelos contos que ele tem, Já virou um trovador...

Temos muita variedade
Espaguete, torresmo,bolinhos ,mandioca até pinga com limão
Antes de pedir,a cerveja tá na mão

C-ertamente
E-ncherei a cara
R-edondamente
V-árias vezes
E-xperimentando
J-untos com amigos
A-quele delicioso Jiló com fígado

Igual esse bar, bh  não tem não
Pois essa criação é só em nossa região
Quando vier ao bairro "São Geraldo"
Não deixe de passar lá não

Pois o bar do caixote é a nossa melhor atração

Gente não tem mesas
Tem caixotes...
Bar assim,

Só nós temos!



Texto XXIX




 

GALFARRO
O sol aparece..., um dia tranquilinho
como outro dia qualquer!
É o sossegado de mais um dia!
Nos girassóis as abelhas fazem a festa:
se lambuzam de néctares e gozos!
Sem alvoroço as formigas cortadeiras,
no fuça-fuça, buscam o que cortar.
Será que a seiva das folhas tem sabor igual?!

O sol aparece...,
e o estardalhaço da luz que o sol derrama,
é de tal alumiado que parece tudo acender!,
e arromba as retinas das janelas todas;
e invade as frestas das tramas das cortinas
e desvirgina o escurecido herdado do noturno.
Mais um volteio, em suas muitas voltas
e voltas e voltas..., em torno do eixo da vida.

O sol aparece...,
emoldurado por uma brisa cigana,
que não tem pouso e não tem alento;
menos ainda significância para ser ventania.
E o tempo, hemorrágico e sem contenção,
empoleirado nos ponteiros dos relógios,
conluiado com a rotina do “enche e seca”
das âmbulas das ampulhetas,
perambula solene com ida sem volta!

E o sol aparece e o sol some...,
e é sempre tudo quase igual..., igual..., igual...,
em dessemelhante e desenxabido existir.
Tudo se acrisola nesse sempre passar:
o tempo é cego e silente aos lamentos todos,
de todos que com o tempo se esvai e de todo se finda,
em voltas e mais voltas do girar da vida!



Texto XXX



INGRATIDÃO

Desde menina e pela vida afora,
Sem desistir, depois da ingratidão,
Cultivo árvores, flores e arbustos,
Que me deixam, depois, na solidão.

Dou-lhes água, adubo e muito afeto.
Lentamente, crescem seus ramos,
Quando a aurora surge radiosa,
Lá brincam pássaros, pombas, gaturamos...

Depois de adultas e independentes,
Com otimismo e cheias de esperança,
Soltam as ramas, flores e galhadas
E vão frutificar na vizinhança.

Assim como essas árvores, as criaturas
Que satisfiz em amor, carinho e anseio,
Só as raízes comigo permanecem...
Elas dão frutos em pomar alheio.

Texto XXXI



Sonhar...
Que você se permita sonhar,
Que um dia irá se realizar,
Pois só temos uma chance,
De viver esse momento.

Dê asas aos seus sonhos,
E conquiste voos mais altos,
Não importa a altura,
Só não deixe de sonhar,
O brilho das estrelas,
Não te impedirá de brilhar.

Se cheguei até aqui
É porque ela me fez acreditar
Independente da caminhada
Suas palavras irei levar:
Você é meu orgulho.

Persigo um sonho,
E descubro todos os dias
Motivos para lutar,
Não importa a chegada,
E sim o sorriso que irei desfrutar

 



Texto XXXII

Cem Anos de Rua
Essa é uma daquelas histórias inusitadas que acontece nas ruas e que eu como integrante de uma equipe de doadores voluntários fui testemunha da história de um centenário cidadão que literalmente vive nas ruas há cem anos... É quase uma lenda se imaginar que alguém consiga viver nas ruas por tanto tempo, partindo do pressuposto que às calçadas de rua, não dê condição de vida longa a um ser humano. Bem, antes de enfatizar o século deste homem de rua, vamos dá uma pausa, para servi-lo, pois ele já está ali na calçada esperando sua sopinha, seu pão e cafezinho...
- Muito bem! Vou descrever aqui alguns fatos sobre a vida deste morador de rua de cem anos e seu perfil visto por nós os voluntários. - A sua figura nos fazia lembrar um Ermitão, sozinho no mundo, sem família sem amigos sem nada e fantasiando, eu o via como “Santo Antão urbano.” Provavelmente quando mais novo, devia ser uma 
pessoa de estatura avantajada, pois apesar do peso da idade nos ombros, vê-se nele uma pessoa alta, de temperamento indócil, tem dias que ao sentir nossa proximidade levanta-se e sai outras vezes se cobre da cabeça aos pés, quando sente a nossa presença, cobre-se sempre com um cobertor que demos a ele. Deve ter sido muito maltratado pela figura masculina, pois nas investidas dos voluntários ao lhe oferecer alimentos, ele recusa veementemente balançando a cabeça com olhar apavorado, o que não acontece quando eu, ou outra voz feminina lhe servimos, ele fica sentadinho na calçada, pega a sopa que lhe entrego depois de esfria-la, dispensa a colher, em seguida, despeja a sopa por “goela abaixo”. - Muitas vezes me emociono quando ao acorda-lo ele murmura – Mãe é você? Difícil até de descrever o que sentimos nesta hora. Os pães que lhe entrego dentro de uma cestinha, ele coloca no chão e aí acontece um fato engraçado, pois sem querer eu sempre falo: - não coloque o seu pão no chão, ele me olha sem entender nem o que eu estou falando e eu me dou conta que a realidade dele é o chão, se você tirar o chão dele ele fica literalmente no espaço e eu nas “Nuvens” já que não percebo essa realidade...

O fato é que este senhor foi noticiado pelos jornais da época por um jornalista hoje já falecido e que na sua última matéria ele conta toda a vida deste mendigo que nasceu na rua e de lá nunca quis sair. - Muitos chegaram a lhe colocar em albergues, asilo, abrigo e ele fugia de todos, - sempre alegando que a rua, as calçadas era seu mundo, pois foi lá que a sua mãe ao ser despejada de casa pelo seu próprio pai que não aceitou a gravidez da filha, até porque, o devedor da sua honra como diria naquele tempo, fugiu. - Na rua criou este filho por dez anos, quando faleceu, deixando este menino a própria sorte. Depois de anos e anos vivendo na rua, ele não poderia se acostumar com outra vida, segundo ele e o jornal que fez dele uma lenda viva, para tanto, a sua vida foi contada até na Literatura de Cordel, onde se falava: “Que ele aceitava comida, mas ninguém conseguia tira-lo das calçadas das avenidas, teto não queria nem ver de perto, preferia viver que nem bicho, quase comendo lixo”... E o Cordel continuava a descrevê-lo como um “animal urbano, virando lata de lixo, procurando qualquer vestígio de resto que não foi reciclado, ficando assim para ele o abacaxi passado, até mesmo deteriorado, mas sem pensar nisso ele metia o dente e se não fosse o ardor da língua se sentiria até contente”.

- E com este seu humor pelo avesso o que ele nunca quis ter mesmo, foi endereço, até nossa equipe já tentou colocá-lo em abrigo de idosos, mas chegando na porta ele travou, não quis entrar. Na Recepção tinha uma escada e ele veementemente se negava a subir, insisti lhe convidando a subir, alegando que lá tinha um cuidador voluntario, um rapaz alto, forte que provavelmente o levaria nos braços para ele não ter que subir com suas pernas já frágeis, ao que ele me respondeu em tom categórico – “O quê? Subir nos braços deste rapaz forte? Prefiro a morte... e aí vi que tinha um riso maroto no canto da boca, o que me fez constatar que ele era uma daquelas pessoas que brincam com a realidade e levam a sério a fantasia, pelo menos nos seus momentos de lucidez...
“Seu Zé de Cem anos” é como nós o chamamos, tem boatos e vida de fato para constatarmos que ele realmente tem esta idade. E nestas dez décadas da sua vida, pelo menos umas sete de diferentes gerações tentaram mudar o rumo de sua vida e não conseguiram. - Comenta-se inclusive, que numa destas estadias no Asilo o qual foi internado, tinha o privilégio de ser próximo ao mar, mas isto não o animou por muito tempo, pois ele se sentia preso. Debruçado na janela com vista para o mar ele questionava:
- A vista para o mar é muito bonita! Torno a olhar a vista para o mar e ela continua muito bonita! E mais uma vez, lá está ela, muito bonita... E daí? Eu faço o quê com tanta beleza? Por quanto tempo eu vou ter que aguentar isso?

Daí se conclui que para ele, nem o mar ganhava na concorrência da liberdade das ruas. Nós já o encontramos na reta final da sua vida, então não vamos quebrar a sua rotina impondo regras que apaziguará nossa consciência, mas deixará sem paz a vida escolhida por ele, nestes últimos anos que participo deste trabalho voluntario, quantas vezes, no início desse nosso trabalho eu quis interferir na maneira particular de ser do morador de rua, cidadão de condição miserável, mas de personalidade formada e que eu pretensiosamente me arvorava querendo convencê-los a mudar o seu modo de pensar  e sentir, sem me dá conta que o âmago de qualquer cidadão é inviolável, então observando a maneira de viver dos moradores de rua, eu faço uso do antigo ditado ‘Em terra de sapos de cócoras com eles”. E a essa altura mesmo tirando este senhor de cem anos da rua, é como se diz: “Não podemos tirar a rua de dentro dele” e sendo isto já um fato, a opção que nos resta, é cuidar dele, lhe trazendo afeto, remédio, alimento, mesmo que ele já sem discernimento nos arranque tudo da mão...



 



 


 Texto XXXVI



Cavalos Alados

Manhã de sol nos campos floridos,

A relva verde com orvalho cristalino,

A natureza despertando sob  ruídos,

E ao som de um violino.

 

Pássaros revoando e cantando,

Na sua rotina matinal,

Seres mágicos da noite retornando,

A descansar em seu quintal.

 

Em outra dimensão,

Cavalos alados saem das baias,

E com gratidão,

Cavalgam pelos ares.

 

Soberbos e com elegância,

Desfilam nos campos brumados,

E com grande magia,

Alegram corações apaixonados.


TExto XXXVII




 

Tarde dos Sonhos

Parei, olhei, gostei daquilo que vi. Pelo prado um perfume de flores coloridas cortava aquele campo verdejante. Um jardim ao pé do monte, árvores frondosas dividiam o pequeno local entre o rio de águas cristalinas que corriam perto da casa branca, de onde vinha uma música suave a embalar uma criança e outras se fartavam na beleza daquele lindo lugar. Um casal ali estava como se fosse um sonho ao ouvir o canto dos pássaros e ao mesmo tempo gritos de crianças, sorrisos de seus pais que no final da tarde sentados na varanda, curtindo o ar fresco de uma noite bela com as estrelas que mais pareciam cordões de ouro a brilhar. O barulho da água era um sussurro a embalar todos que ali queriam estar, a lua aparecia tímida com o seu ciclo a passar, o encanto era o sabor de uma noite naquele lugar.

 

 

 

Texto XXXVIII




TEMPINHO, ESCUTE!! 

 

Esta filha que ganhei 

é a riqueza do meu lar. 

É uma fruta bem verdinha 

que está para amadurar. 

 

Não tenho pressa meu Deus 

em vê-la amadurecida. 

Quero que o tempo caminhe devagar 

pra bem senti-la comigo. 

 

Tantos anos esperei 

essa riqueza chegar. 

Cada minuto na vida 

quero muito me alegrar. 

 

Enquanto estiver com ela 

será eterno o meu sorrir. 

Minha vida ao lado dela 

faz-me a mulher mais feliz. 

 

Se ela crescer depressa, 

muito só irei ficar. 

Pois ela é uma simpatia, 

Alguém a queira (breve) levar. 

 

Pretendentes para ela, 

eu sei que não vão faltar. 

Tempinho! Tempinho escute... 

- Passe... passe... devagar!! 

 

 

Texto  XXXIX


  

 

SAUDADE 

 

Lágrimas de saudade rolam pelas faces minhas. 

Deslizam como bálsamo a aliviar a atroz ferida. 

Ferida que mais parece uma leve cicatriz. 

Entretanto, sangra mais que qualquer outra ferida. 

É a lembrança de Mãe, que me vem à mente insana, 

Trazendo a dor, que corrói a alma e o coração insatisfeitos. 

E... por mais rápido transcorra o dia-a-dia 

Tarda tanto o raiar de novos amanhãs... 

Neste meu caminhar vagaroso e triste, 

Cada amanhã demora tanto a chegar. 

Vem depressa, ó morte! Bem depressa! 

Mata-me toda a saudade desse alguém, 

Que me deixou neste vagar... 

      Oh Mãe! Como foste MÃE nesta minha vida! 

      Foste Mãe, cajado e caminho para mim. 

      Por isto, sinto todos os meus dias: 

      Espinhosos e sem rumo para continuar a ir...  

Se caminho, não sei onde chegar. 

Se paro, perco-me na vida 

E na imensidão do mundo, sem te ver. 

      Se um dia foste luz em minha vida, 

      Sinto-me em trevas viver sem ti em meu viver... 

Se me vires escrevendo isto aqui 

E puderes sentir o vazio do sentimento meu 

Reconforta-me Mãe! Ó Doce Mãe! 

Como reconfortaste todos os dias meus. 

      São horas de dor e amargor, que perpasso. 

      Horas assim... sempre contei com tua ajuda, 

      Teu carinho e teu amor em meu caminho. 

Olha sempre por esta filha,  

Que jamais caminhou sozinha. 

E enche-me com teu calor  

Com tua mais Doce Companhia. 

 


 Texto XL  





Amizade...

É sagrada seja a chama
Que nos une
Através de um sorriso
Um encontro casual
Num dia sem explicação .
👯👯

Em terras distantes de nós
Alguém chega
Nos toca de leve
Com um sorriso
Um olhar...
Ou pelo abraço acolher...
👊👊🤝🤝🤝🤝

E nasce a chama
Da sagrada amizade
A chama que de longe
Reconhece os corações dispostos
E dá-se o encontro...
💝💝💝

É chama simples
Tênue de uma vela
Se acende
E se torna fogueira
Que aquece...acrescenta...
🔥🔥🔥🔥

E nos une...
Bendita e sagrada seja
A chama da AMIZADE
QUE NOS UNE.....
🙋🙋‍♂️💁‍♀️👱‍♀️👩‍🦳👨🏫👩🎓👨🎓


Texto XLI



 





Aproveito..

Aproveito meu dia nos mínimos detalhes...
Sei que tem gente que critica por eu postar tantas fotos..
Já falaram que eu só vivo passeando...viajando....
Mais não sabem, que viajo mais do que pensam....
Viajo na imaginação nos mínimos detalhes...Viajo no meu quintal, dentro da minha casa, da minha janela, na minha rua,

no meu bairro na minha cidade nos bairros vizinhos.....
Sabem porquê?....porque levo meus olhos e meu coração pra viajarem comigo.
Viajo com meus olhos e coração abertos e eles já se acostumaram a verem beleza pelo caminho....
Uma pedra
Uma flor
Uma concha
Uma estrada de terra...
O mar encrespado...
A nuvem voando ligeira...
A cruz no topo da Matriz...
O vento nas folhas do coqueiro...
Uma árvore frutífera plantada no meio da praça.
Voltar na antiga escola onde estudei
Um grupo de jovens fazendo protesto...
Um abraço de um amigo/a encontrado/a ao acaso...
Se isso for viajar...
Viajo e muito...viajo sempre...
E viajo sem sair do lugar....
Bora... leve seus olhos e seu coração pra viajar,
Não precisa ser pra Índia, China ou Nepal...
Comece no seu próprio quintal...

 

 



 Texto XLII 


 

QUANDO TE CONHECI

E pensar que nunca imaginei que um dia isso aconteceria comigo
Porque já não havia mais tempo para mim, teoricamente já era o meu fim,
Então você surgiu em uma bruma como um gênio em meio a fumaça
Sem make, sem belas roupas, sem fazer charme e sem fazer graça

Mas ainda assim não precisou mais do que alguns poucos segundos
Onde fiquei totalmente envolvido, perdido em ti, desligado do mundo,

Capturada foi minha alma, agora eu era um ser totalmente iludido
Nada mais me importava, pois minha vida agora estava contigo

Sem mesmo que soubesse me entreguei totalmente a ti
Agora extremamente capturado, não sabia mais o que fazer
Meu desejo era somente te tocar, te abraçar, te beijar e estar contigo
Pois agora perdi a noção de consciência, de sanidade e até de perigo

O que queria agora era somente estar com você
E adentrarmos juntinhos nessa densa e espessa bruma
Contigo em qualquer um universo paralelo desaparecer
E já não me importar com mais nada, com coisa alguma

Mesmo tendo te visto agora, sem ao menos te conhecer
Preciso que você saiba que em minha loucura
Eu já amo você!





Texto XLIII

 

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN –
“Liberdade ainda que tardia”


Hoje... eu não quero mais migalhas
Não quero mais viver junto a canalhas
Que o nariz empinam com seu cargo ou função

Quero, sim, viver feliz outras paragens
Abrir as portas de meu infante  coração
Para poder vivenciar belas miragens

E com meu talento ver surgir nova canção


Não quero dar-lhes sequer um só gostinho
De sentirem a vitória de seu Ego
Se porventura, acharem que eu me apego
À pequenez de ter a “Substituição”

Pois eles vivem de panelas e conclaves
E só quem “é um deles” tem indicação
Burocracia? Fora, joguei, todas as chaves
Porteira aberta, já não tenho mais entraves...

Hoje eu quero é viver com outras Aves
E alto voar... ter o direito de sonhar
Sentir a Vida que, em meu peito, ora transborda!
Missão cumprida, minh’alma brilha e acorda
Liberta, agora, enfim sou livre p’ra CRIAR!

 


Texto  XLIV



O GOL DA INSÔNIA 


 


A noite gemia pela insônia inesperada. Era um mês chuvoso e as lacunas da porta preludiava o escuro com possível tempestade. O aguaceiro, de fato, embalava as noites de sono e naquele instante as ausências dos pingos de águas impediram o relaxamento muscular. 

Cada pensamento alicerçado na evasão do sono, sitiou aquela madrugada, dentre os temas destacou-se o ano da copa do mundo, embora os dribles e gols da vida sejam vivenciados diariamente, torrencialmente e de nenhum modo esporadicamente. É interessante notar que as palavras com ênfase são finalizadas com “mente”, o que pode ser explicado pelo poder do desenvolvimento intelectual e não como uma conjugação do verbo mentir. 

A noite insossa trouxe uma ideia "extraordinária" "mente", transfigurando-a e perpetuando-a sobre a vida direcionada pelos pés, socorrida pelas mãos e posicionada por uma esfera: a bola. 

Como uma partida de futebol pode desenhar a vida? A vida das competições, dos melhores, dos piores. A vida do gol, dos gritos, dos sorrisos, dos choros, da fé. 

Cada ação individual pode se tornar uma bela jogada coletiva ou simplesmente uma bola na trave, mas também uma chance de ser o melhor, quando essa jogada adentrar a rede. Qual rede? Muitas vezes um chute pode ser naquele local errado e "inevitável" "mente" se torna o bola murcha. 

Talvez a noite de insônia seja o intervalo, a parada, o descanso, a chance da vitória. Vitória? Sim, essa que surgiu em minha "mente" dando-me o grito: É campeã! E o Brasil na copa? Que venha o hexa! 


Texto XLV



Sonia Carolina Batista de Andrade

 

As crianças do Grupo escolar

Posso vê-las da minha janela.
E contemplando-as
parece-me ver o mundo inteiro
naquele reboliço,
num corre-corre constante, alegria
hino em louvor à vida, essa mesma vida
que foge, aos poucos dos meus olhos,
faróis incansáveis.
Eu os julguei assim.
É como se visse
a própria primavera
a debruçar flores
por sobre o caminho.
Onde deixei repousar a minha?
É como se fosse
a explosão da alegria
embalando ninhos
numa festa expressiva
de vida plena.
Ainda não viram,
nem sentiram,
a extensão do nosso mundo.
Ainda não sentiram
O passar dos anos
Nem conheceram a tristeza,
Essa velha amiga
sempre à espreita
pelos corredores da vida.
Viver, um grito de cor,
de luz e esperança.
Deus as conserve assim
pelos caminhos
que um dia vão trilhar.
Que o brilho dos olhos
nunca desfaleça
ante as tramas do destino.
Amanhã, serão outras crianças
que virão correr, gritar de alegria
a embalar de sonho
quem as contemplar
da mesma janela
em que vejo a vida passar.


Texto XLVI


Quebradiço a tua alma!



Quando eu conseguir espremer as palavras do meu pensamento, e molhar a lucidez dos teus lábios, ainda assim não o suficiente para satisfazer a sede do teu beijo; É primavera, e na flor da tua pele se expele o olor da estação, tão mais nutriente quando consigo abrir o embrulho do teu sorriso; Você ao sorrir, tudo se clareia e aos olhos acesso direto a deitar-se na leitura do teu corpo escrito em braile; A despir a áurea do teu desconforto, dedilhar sobre as linhas e curvas, de tua extensão e no cálice da paixão beber o amor do teu coração; Teu coração resguardado a decênios, ainda tem os resquícios das decepções, mas há um poço de 
água limpa que flui; Há um temor, leve como pluma, a presença fiel fez o tempo corrigir uma resistência que se fez quebrar; O que não há conserto, e quebradiço quão o vidro, e volta ao pó, a confiança... Não a sobrepõe a ignorância; Aceita, e não faça da situação adversa uma guerra, se estás sem soldados... Vá enfrentar a si mesma por intuito de humildade; Discernimento no pensamento para não cuspir palavras afiadas; O ócio pode ser qual o bálsamo, e a contemplação a virtude, o espaço de um abraço; Nada é mistério, quando apaziguado na luz de dois olhares, onde há fidelidade; Quão perto, capazes de dividir e se envolver no esmero da luxúria, somente quatro paredes, porta fechada e janela no absoluto silêncio; O vento atrevido, circunda e vigia, procurando por uma fresta se intrometer a espiar com a luz, que convida inocente, no cantinho da cortina; E o vento acelera, para vencer a luz, mas em vão é seu esforço. Vale bem mais uma noite ao sereno dentro do teu abraço, do que a só na sombra de um cobertor. O calor bem mais que o do fogo, quando se acende no atrito das peles, no enrosco e na ousadia de dizer às estrelas, que porejando sobre a noite tão noviça e rebelde, quão tua maciez vinda das pétalas das rosas...


Texto XLVII


Eu preciso te dizer

Eu preciso te dizer,te espero.
Que seus beijos ainda quero.
Eu preciso te dizer,que te amo
E que nas noites seu nome lhe chamo.

Eu preciso te dizer,lhe esperar.
Onde meus olhos nao consigo fechar.
Porque sonho com seu perfume em mim.
Imaginando seus beijos nao consigo dormir.

Eu preciso te dizer,da solidão.
Que sinto sufocado em meu coração.
Seu doce cheiro nao consigo esquecer.
E ate meus pensamentos querem estremecer.

Eu preciso te dizer,do toque das suas mãos.
Das caricias e da sedução.

Das suas curvas que desejo apertar.

E desse corpo escultural que almejo Amar.

 

Texto XLVIII


PAI

Pai, aqui meu peito dói
dói de saudades suas,
mas o amor continua
do jeito que sempre foi.

Quero com isso dizer
que é tamanha a saudade
e que a sua ausência faz doer
ao lembrar sua bondade.

Pai, levo-te em meu peito
para avivar o conhecimento
e os seus ensinamentos,
conselhos vividos nos seus olhos.

Os olhos que brotaram o amor
e com carinho lembro-me
quão sagrado é a paz,

do tenor produzido na sua voz.

Os olhos que brotaram o amor
e com carinho lembro-me
quão sagrado é a paz,

do tenor produzido na sua voz. 



Texto XLIX 


Um Gigante Andando em Círculos

Sem guarida e sem estrutura,
sofre num cruel padecer
o povão está a sofrer,
tempos de penas duras.
Andando em círculos e censura,
E não buscam seu direito.
Meu país ainda há jeito!
lutemos com esperança e fé,
o gigante sabe o que quer,
Comando pra nação e respeito.

Falta valorização pra cultura,
Tudo é incerto pra seguir,
Não podemos desistir,
Abolir toda essa tortura.
Refazer da história a leitura,
A opressão não aceito.
A liberdade é o maior feito,
E sem repressão de ninguém
o povão vive triste e aquém,
pelo representante eleito.

Hoje a intolerância abriga,
a mente desse líder insano,
Nosso barco está navegando
e o futuro nos castiga,
repressão é o que instiga,
Todo nós insatisfeitos,
lutaremos por preceitos.
Pra educação a liberdade,
o fim dessa barbaridade,
que é o presidente eleito.

Não discuto com quem defende
eles têm as suas razões,
perderam todas as lições,
E tudo que a história diz,
Nosso povo era feliz,
um rio de farto leito,
hoje tudo é preconceito,
a maldade aqui impera,
Meu Brasil linda quimera,
vê da ignorância o efeito.

 

Texto L



Paz e Luz

Na verdade, ninguém imaginava, mas ele já estava cansado do lugar onde vivia. Poucos sabiam, mas em uma tarde cheia de bolos, café e outras delícias, ele confidenciou para a monja: - Monjinha... é tão difícil ser procurado pela beleza que faço – era pintor e arquiteto - e não pela beleza em mim… E mostrou um quadro lindíssimo, que alguém tinha tido a ousadia de pedir... de presente! Ele tinha quase nome de vento... e era uma brisa fresca de carinho na vida de quem se aproximasse. De agosto a dezembro os ventos alísios sopram mais intensamente, no nordeste brasileiro. Ele abria a janela, para recebê-los. Sua casa mais parecia cenário de filme.. .paredes cobertas de quadros, objetos que ninguém imaginaria usar como decoração, mas com ele tudo dava tempo sem ir lá. Com vento ou sem vento. Fizesse chuva ou sol. Ele (recuso-me a pronunciar seu nome ainda) distribuía afeto, caixinhas pintadas à mão, pequenas flores pintadas em círculos pequeninos de madeira, e sementes. Enchia de sementes as mãos de algumas pessoas e, junto ao embrulhinho de papel celofane, um belo poema de um escritor português muito, mas muito famoso. Não sei o que as outras pessoas faziam com essa delicadeza, mas a monja se arriscava adentrando uma floresta enoooorme... procurando lugares para plantar as sementes das flores azuis. Azuis como o céu. Depois voltava para ver se tinham se adaptado, mas sempre se perdia na floresta, e nunca achava onde tinha plantado. Mal sabia ela que tudo são símbolos, e que a vida vai dando sinais das coisas vindouras. Flores azuis como o céu, dadas por um artista que não parecia ser desse mundo. Vez em quando, ele costumava visitar uma idosa que não andava muito contente, então ia até a casa dela apenas para fazê-la rir. Passavam tantas tardes cantando e encenando pequenos esquetes inventados por ele…. Somente dele a idosinha aceitava tudo: recitar, cantar, vestir adereços. A monjinha (um dia eu também vou falar o nome dela) sempre estava presente por interesse. Onde iria encontrar a pureza e o amor verdadeiros assim, escancarados? Acontece que foram se acostumando a estar juntos. Acontece que os laços foram se estreitando. E toda a vizinhança esperava chegar aquele homem bom, sempre acompanhado dos ventos amigos. Ela, sempre atenta a tudo, observava o cansaço que escapava do olhar dele, em uma fração de segundo. Ela captava na horinha. Uma certa dor em existir. Um certo desgosto com os rumos de um mundo desigual. Quando sozinha, entoava todos os mantras budistas que conhecia, esperando que chegassem ao coração do amigo amado. - Que ele seja feliz! Que ele descubra as verdadeiras causas da felicidade. Que ele possa fazer bem a todos... E lá se foram noites e mais noites de boas intenções, belos votos, sentada na sua almofada de meditação de monja. Um dia, ela foi à casa dele e bateu, bateu... ninguém abriu. Foi até a casa da idosa e soube que ele não apareceu mais... nada de visitas, risadas e sementinhas de flores azuis. Ficou intrigada. Ela então passou a peregrinar pelas ruas físicas da cidade e pelas ruas virtuais do mundo paralelo, procurando o amigo amado. Encontrou-o numa ruazinha virtual, onde ele apenas disse: - Monjinha, cansei... diga à minha velhinha que a amo, que gostaria de cantar de novo com ela, mas descobri um lugar onde creio que vou ser mais feliz. Me contaram que nesse lugar tudo é mais leve, que há todas as flores de todas as cores que sequer posso imaginar! Só de pensar, voltou o brilho do meu olhar! Também me disseram que lá existe uma substância misteriosa, modelável, com a qual se pode fazer tudo o que quisermos. Vou arquitetar felicidades, alegrias e paz para todos! Vou pintar quadros com as cores não imaginadas. Ela não gostou nadinha de ficar fisicamente longe dele assim... foi pesquisar como chegar até lá, mas não lhe foi dada a palavra de passe, o abracadabra, o passaporte. “Para tudo há um tempo, debaixo do céu”, leu em uma escritura sagrada. Não era o dela. Então se conformou com a paz do amigo, metabolizou a distância imaginária (para sempre estariam juntos em mundos paralelos), chorou um pouco… E seguiu, como Gilberto Gil, decidida, pela estrada, que ao final vai dar em nada Nada, nada, nada, nada. Nada, nada, nada, nada. Nada, nada, nada, nada. Do que ela pensava encontrar.


 Texto LIII


A poesia nos une

A poesia sempre trouxe na voz
O desejo de ganhar o mundo
As ruas, escolas e palcos
Brilhar nas periferias e teatros
Possui nas entrelinhas
O desejo de unir as cores
As essências, os amores
E não adianta calarem sua voz
Ela transborda pela boca
Linhas e papéis em branco
Redes sociais, revistas e saraus
Já quiseram silenciar seu clamor
Mas sua lucidez grita
Com o coração escancarado
Inspirado e apaixonado
É toda lapidada de sonhos
Liberdade e desejos desconhecidos
Uniu a humanidade pelo amor
Derrubando muros
E criando pontes
De ponta a ponta do arco-íris
Possui alma colorida e desinibida
Misturou cores, raças e amores
Despertou tantas Clarices e Drumons
Cecílias, Coras e Camões
Uniu os poetas do mundo inteiro
Em linhas e sonhos
Pelo simples desejo de existir
De ser amor, de ser poesia.


FIM 






                                                        Jerônimo Gonçalves - último vencedor.

Saudações Escritores e Escritoras!  


 

É com muito prazer e orgulho que apresento o vencedor e vencedoras do X Prêmio Literário Escritor Marcelo de Oliveira Souza,IwA  

Foi um grande desafio fazer um processo de eleição dos textos vencedores por inúmeros motivos, mas no final tudo acabou bem.  

Todos e todas terão o seu livro a partir da primeira quinzena de janeiro, onde poderão vislumbrar os grandes  trabalhos nos diversos gêneros literários.  

Como a interação foi constante entre nós  no dia de hoje, justamente por causa da peculiaridade do evento, entramos em contato mais de uma vez com vocês.  

Vamos reavaliar o processo de avaliação dos textos, que foram como sempre maravilhosos, como foi um número significante de textos, muitos tiveram dificuldade de votar, outros votaram em si mesmo, terminando anulando o próprio voto.  

Muitos textos tiveram somente um voto, precisando do desempate  da coordenação do evento, constatando que não teve contato nenhum entre os participantes, que era um receio plausível de um escritor.  

Foi desempatando que saiu  o segundo lugar: Ana Beatriz, de Brasília, com A Carroça do Amor: e do Terceiro Lugar: Consuelo  Pagani, do Espírito Santo, homenageando a Conjuração Mineira: LIBERTAS QUAE SERA TAMEN; As nossas estrangeiras não obtiveram voto, cabendo a avaliação para a administração: Aclamando  a  Menção Honrosa Internacional para: Lúcia de Fátima Almeida Melo: Portuguesa, residindo no Canadá, com seu texto bilíngue: Silêncio.  

Já o mais esperado, o primeiro lugar, a votação foi plenamente dos próprios participantes, cabendo o prêmio maior à Wagner Andrade, de São José dos Campos SP, com o poema Fartura da Seca.  

Parabéns a todos e todas, agradecemos aos  que fizeram do pleito um sucesso, mesmo o que anularam o próprio voto, pois numa democracia, o que importa é poder se expressar, de uma forma ou de outra.  

Peço aos ganhadores que enviem seus respectivos endereços, atualizados, inclusive a que reside no Canadá.

 

Felicidades,  

 

Marcelo de Oliveira Souza,IwA

Quem desejar ser avisado sobre o próximo concurso enviar email para marceloosouzasom@hotmail.com


Um comentário:

  1. Caríssimo escritor Marcelo, segue meus cumprimentos parabenizando pela edição de Poesia sem Fronteiras, evento que enriquece o mundo da literatura brasileira. Os melhores sucessos ao brilhante confrade.

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